A Europa tenta sobreviver à alteração das condições mundiais. Temos um balão de oxigénio através da baixa dos preços do petróleo e, como diz o príncipe saudita Alwaleed bin Talal, o petróleo nunca mais será visto a 100 dólares por barril. Há que aproveitar esse balão. Apenas a Noruega tem que se queixar e no Reino Unido, que tem as extrações do Mar do Norte, terá ainda de fazer as contas para saber se lhe calhou bem ou mal. O mundo velho está a morrer e um mundo novo, longe de ser admirável, nasce.
Como consequência dos atentados de Paris — os muito convenientes atentados — vai mais um ataque às nossas liberdades. Pelo pecador paga o justo e os interesses de cima mandam que todos sejamos suspeitos de jihadismo. Se atacarmos o Islão seremos ajudantes dos jihadistas. Se atacarmos os poderes e as oligarquias que se instalam, seremos iguais aos jihadistas. Se não nos conformarmos com estas perdas de liberdade e de privacidade, então somos jihadistas e com algo a esconder.
O Remoques será orgulhosamente jihadista, nessa definição de jihadismo. Queremos liberdade e privacidade. Que todos sejamos insuspeitos até prova em contrário. Que os serviços secretos façam o seu trabalho sem que a minha privacidade e a do leitor sejam postas em causa sem causa provável. Eles podem dizer que não sabem fazê-lo sem escutar tudo e todos. Eu contraponho que os ensino a fazê-lo.
Eu tenho algo a esconder. Eu e o leitor. Não fechamos a porta da casa de banho quando a usamos? Se o leitor acha que não tem nada a esconder, pode-me dar a sua senha do seu correio eletrónico, e eu prometo que apenas leio o que recebe, sem nada escrever em seu lugar. Se acha que isso é inadmissível, como eu acho, sabe que tem algo a esconder, como eu tenho. E que não é nada ilegal. É reservado a si e aos seus. Numa palavra, é privado, e não é da conta de serviço secreto nenhum.
Onde falta liberdade instala-se o medo. Sim, o medo de que alguém nos trame, justa ou injustamente, porque tem o poder de o fazer. Medo de julgamentos sumários, de execuções extra-judiciais, de justiça manietada. Medo de governos tiranos, de funcionários discricionários. Medo de pensar, e de ver o Mundo de forma diferente à da oligarquia vigente.
Não é esse mundo que qu quero para mim, e não quero legar esse mundo aos meus filhos. Os meus pais viveram nesse mundo. Eu nasci nele, mas cresci em liberdade de consciência, a que ganhámos depois de 25 de Novembro de 1975. Não quero nem ditaduras nem ditabrandas socráticas. Quero liberdade para pensar, para falar, para procurar influenciar os meus concidadãos e para viver a minha vida como quero, sabendo que em nada desejo entrar nas liberdades de outrem.
A velha Europa, a do individualismo e das liberdades, está a morrer, envenenada intencionalmente pelos eurocratas. É altura de mudar de ares, de mudar de alianças. A nova Europa mostra-se e avança, e em nada me agrada. Temos um ano. Depois será tarde.
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