Quando a minha atividade de formação amainou no fim do ano passado (associado a um monte de calotes que estão pouco a pouco sendo resolvidos) resolvi cessar a minha atividade como formador. No dia em que a cessei, dirigi-me ao Instituto de Emprego e Formação Profissional para saber o que havia de ofertas para mim.
Achei estúpido que, havendo mostrado interesse numa determinada oferta, a funcionária do IEFP não telefonasse para a empresa por forma a marcar uma reunião ou pelo menos perguntar se poderia lá ir. Nem sequer me disse de que empresa se tratava, para que me candidatasse de minha própria volição. Em vez disso, limitou-se a atualizar a base de dados, a preciosa base de dados! Depois, disse-me, poderia pelo sítio do IEFP candidatar-me à oferta (esse foi outro aborrecimento, pois não consigo recuperar a senha, de que me esqueci, apesar de ter tentado enviar mensagens ao suporte técnico).
[Resta dizer que entretanto a atividade de formação se reiniciou, e vou recebendo convites, sendo que o meu problema já é conciliar a agenda em Maio. Mas isso é outra história.]
Afinal sou jovem
Recebi uma convocatória, na qual fui a duas horas de esfrega sobre o programa Impulso Jovem, na qual, apesar do meu aspeto e de me perguntarem ainda se tenho o Cartão Jovem, não me posso inserir, pois nasci em 1970. Como eu, muitos, até mais velhos. À laia de aparte, preferia ter experimentado se a convocatória poderia ser deglutida por uma funcionária acomodada, à minha frente.
Afinal estava na base de dados!
A segunda inutilidade
Recebi ontem uma convocatória para o outro lado do país. O meu currículo é manifestamente excessivo para tal vaga, o que não me assusta pessoalmente, pois estou disponível para qualquer tipo de trabalho honesto. Sei no entanto que as empresas procuram não contratar licenciados para funções técnicas, pois sabem que estes licenciados sairão assim que obtiverem uma nova oferta, mais choruda e adaptada às suas capacidades. Tenho três dias, segundo a dita convocatória, para obter um carimbo da empresa ou saio da base de dados (g'anda chatice!).
Perguntei então ao IEFP (retiro as fórmulas formais e a identificação da desfuncionária, a primeira por brevidade e a segunda por, digamos, cortesia):
No decurso desta convocatória, peço a Vas. Exas. que me prestem a seguinte informação:
1) A empresa em questão (Especialidades Minerais SA) recebeu o meu curriculum vitae e predispôs-se a entrevistar-me, ou esta convocatória trata-se apenas de uma formalidade?
Gostaria de marcar com a empresa uma entrevista, e gostaria se saber quais as diligências (em as havendo) tomadas pelo IEFP, com o fito de adequar a mensagem que transmitirei.
Veio a resposta (se é que houve resposta).
A carta que recebeu será para contatar a empresa (marcar a entrevista ou dirigir-se diretamente à entidade).
Pergunto alhos, respondem-me bugalhos. Ou não sabem ler português ou esquivam-se às perguntas. Insisto.
Agradeço a resposta pronta à minha mensagem, contudo verifico que a pergunta que fiz não foi respondida. Relembro que esta é se a empresa em questão recebeu o meu curriculum vitae, e se, havendo-o recebido, demonstrou interesse em receber-me. A mensagem que enviarei, obviamente, diferirá consoante a resposta a estas perguntas.
A resposta veio finalmente.
As empresas não recebem quaisquer currículos dos candidatos inscritos nos serviços de emprego.
A carta de apresentação serve para o candidato fazer o contato com a empresa e, se for necessário, o próprio é que entrega o seu currículo.
Então o IEFP manda AOS CANDIDATOS fazerem perder o seu tempo e o das empresas (como se elas vivessem de fazer as vontades ao importantíssimo e divinal Instituto e de carimbar as folhas dos candidatos), sem sequer fazer um papel de mediação, como fazem a Randstadt e a Tempo Team! Ao menos estas fazem o seu negócio (carcanhóis, massa, graveto) procurando verdadeiramente adequar os candidatos às empresas que querem contratar. Se não adequam, as empresas deixam de recrutar por elas, e a Randstadt ou a Tempo Team morrem.
Ah, se eu me borrifar à convocatória, pois a sua probabilidade de aceitação é de tal forma diminuta que os custos de deslocação não se justificam, sairei da preciosa base de dados e deixo de lá poder estar por 90 dias. Como se o facto de eu lá ter estado me tivesse adiantado alguma coisa!
Em conclusão
O IEFP existe primordialmente para providenciar trabalho e salários aos seus funcionários. Podemos asserverar com confiança que é a mais cara estrutura de gestão de base de dados de Portugal. Se o IEFP existe somente para manter uma inutilíssima base de dados, podem bem assegurar essa gestão através de uma pequena estrutura privada. Em boa verdade, a Randstadt e a Tempo Team fazem mais pelo emprego em Portugal que o IEFP, e a uma fração diminuta dos custos do primeiro.
Extinga-se de vez o IEFP. Estamos a pagar sem retorno funcionários acomodados, sem objetivos e sem brio profissional. Mas porque não quero ser inútil, dou aos senhores uma instrução em SQL para usarem na preciosíssima base de dados, menina dos seus olhos e propósito das suas existências.
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