O socialismo não é vítima do capitalismo. É vítima de si próprio. Sempre me fez confusão como os cubanos poderiam estar a culpar os Estados Unidos da sua própria situação de miséria se os países socialistas são supostos serem o sal da terra, o paraíso dos trabalhadores e os campeões da produtividade.
Lenine chegou a escrever, muito ingenuamente:
“O capitalismo pode ser completamente obliterado, e sê-lo-á pelo socialismo que criará uma nova e muito maior produtividade do trabalho. Este é um assunto da maior importância e deverá levar muito tempo; mas foi começado, e isso é o principal. (...) O comunismo traz a maior produtividade do trabalho (comparada com aquela que existe sob o capitalismo), por trabalhadores esforçados, conscientes da sua classe e unidos, utilizando as técnicas mais avançadas.” (Poln. sobr. soch., 5.a ed., vol. 39, pp. 21, 22)
Palavras são sempre simples de dizer: vamos aos números.
Segundo Remco Kouwenhoven, neste estudo, a produtividade da indústria soviética esteve a cerca de 40% da produtividade da indústria americana no período considerado, enquanto a produtividade por trabalhador se reduzia a menos de 1/3 (29% em 1987, no auge da URSS). Os trabalhos de Galenso (1955), de Nutter (1962), de Schroeder (1964) e de uma miríade de outros autores também situam sempre a produtividade em menos de 50%. Na verdade, apenas Kats (1964) dá uma estatística global de 48% para o ano de 1960. Todos os outros autores estimam a produtividade comparada em perto dos 30%. Resta dizer que o estudo de Kouwehoven usa estatísticas publicadas pela Confederação de Estados Independentes, a herdeira da URSS.
Lenine tinha razão: o capitalismo só poderia ser obliterado se o socialismo possuísse uma maior produtividade. Mas nunca a produtividade do socialismo se comparou à dos países de economia livre. Engraçado que num país como Cuba, sol na terra e paraíso do socialismo, Raúl Castro tivesse de declarar perante o parlamento cubano que tem de de apagar para sempre a noção de que Cuba é o único país onde se pode viver sem trabalhar.
O estudo de Kats é engraçado num ponto: nos produtos de panificação, a indústria soviética era 35% mais produtiva que a indústria americana. Fico por saber como então se faziam filas para comprar pão e faltas sucessivas deste bem essencial.
Comentários
Enviar um comentário