Quero dar os parabéns à Helena Matos por este artigo no jornal Observador:
- Do milagre à pedincha numa semana (Blasfémias)
- Do milagre à pedincha numa semana (Observador, o artigo original)
Cito apenas um pouco de texto, mas que diz tudo.
Ora o que nos devia indignar não são as questões colocadas pelos políticos holandeses aos montantes das transferências a fundo perdido do Fundo de Recuperação europeu mas sim que em Portugal ninguém discuta como essas verbas vão ser afectadas. Pior, que se aceite com resignação que elas servirão para aumentar o peso do Estado e os apoios à rede clientelar dos empresários do sistema.
Porque é que António Costa se recusa a que os dadores verifiquem onde os fundos que eles permitem que venham até nós são aplicados? Será que é porque eles não servirão para pandoideira nenhuma, mas para despesa corrente e investimentos estratégicos? Investimento estratégico é um eufemismo risível para favores do costume a emperresários e emperreiteiros vermelho-esmaecidos, os quais passam a vida a emperrar a máquina do Estado com pedidos de mais verbas e de mais favores e de mais pecúnio.
Eu compreendo o Costa. Ele não tem uma alternativa a andar de mão estendida. O PS sustenta-se numa rede clientelar de rendimentos mínimos para muitos, médios para alguns e máximos para uns quantos. Mas o equilíbrio é instável. Quando acabar o dinheiro, acabará também o PS que conhecemos. E muita gente nesse dia ficará muito zangada com o Costa. Pode ser que ele também se vá refugiar para Paris. Já tem um exemplo no seu próprio partido.
Por mim ia hoje. E não voltava. Segue o exemplo do Teixeira Gomes, Presidente da República, que um dia fugiu sem dar cavaco a ninguém. Embarcou e foi para Argel em 1917, quando ainda estava indigitado e empossado. Fartou-se disto. Marselfie de Sousa e António Cocosta poderiam fazer o mesmo. Era um favor que faziam a Portugal.
Se em vez de embarcar, preferirem abdicar, suicidar-se ou dedicar-se à columbofilia, não fico especialmente aborrecido. Desde que saiam do poder e deixem o país para quem sabe governar sem dinheiro e seja homenzinho o suficiente para não passar a vida a atirar a culpa para os outros. Nem a fazer figuras tristes perante os nossos colegas europeus. Contudo, se se dedicassem à columbofilia, eu recearia pelos pombos. Ao modo como desgovernam o país, até os pombos emigravam.
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