Tempo houve em que as SCUT seriam Sem Custo para o Utilizador. Houve tempo em que aquele centro cultural e aquela piscina e a rede do TGV iriam reanimar a economia local, nacional, do bairro e da Europa. Houve tempo em que Portugal era o campeão das autoestradas por quilómetro quadrado. E talvez ainda seja.
Vai ser o Engenheiro a dar uma lição aos in-co-munistas daqui do bairro.
Imagine que o leitor tem um orçamento apertado. E que há uma despesa que subiu. Digamos, a renda. O orçamento passa a ser deficitário. Ora, o leitor tem duas hipóteses: ou ganha mais, ou gasta menos. Ganhar mais pode ser impossível, gastar menos implica fazer escolhas. Talvez tenha de deixar de ir ao café. Ou de fumar. Talvez tenha de gastar menos com a refeição. Talvez tenha de mudar de casa, para uma mais barata. Seja como for, as escolhas de gastar menos nunca são confortáveis. Mas, se fechar os olhos, respirar fundo e executar as escolhas difícieis, talvez possa viver dentro dos seus meios e recobrar o equilíbrio. Equilíbrio financeiro é também equilíbrio mental.
Agora, imagine que há quem lhe dê algum dinheiro, por pena. Uns meses de despesas adicionais. Poderia ser uma bênção, mas o leitor não sente agora necessidade de mudar o seu tipo de vida. Pelo contrário, acha que, dado o dinheiro que tem no bolso, pode-se dar ao luxo de ir jantar uma noite fora. E de dar a entrada para uma mota.
Agora, continua a ter o orçamento deficitário, mas tem algum dinheiro para ir enganando a miséria. Até que o dinheiro se acaba.
Esse dinheiro acabou por ser-lhe uma maldição. Agora tem de desistir de mais, porque usou dinheiro que não era seu para se habituar a uma vida que não podia sustentar. Agora as necessidades são ainda maiores. E teve essa vida por mais tempo. Tem de desistir de mais do que antes de receber esse dinheiro.
Lembre-se disso, caro leitor, ao celebrar a vinda de dinheiro que não é nosso, para manter a rede clientelar e os favores do Partido Socialista.
Esse dinheiro vai sair-nos muito caro. Eu e o leitor vamos pagar muito por ele. Serão contratados mais funcionários, serão construídos mais centros culturais, e teremos custos de pessoal e de manutenção e de juros de dívida futuros. A pagar com os nossos impostos.
Ainda quer esse dinheiro?
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