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Burros em dólares ou burros em euros?

Ou o jornalista é besta ou pensa que nós o somos

Um erro no Observador, como o de Marinaleda, vai que não vai.  Falei e desmontei no Remoques essa notícia neste artigo: Et tu, Observador?  Um erro é um erro e pode ser um erro.  E quando se erra suspeitosamente mais de uma vez?

Fui alertado pelo Miguel Botelho Moniz, no Insurgente (A Multiplicação do Erro).  Apontou ele para notícias que se geraram no Observador (Londres é a cidade preferida dos turistas. Conheça o top 10), e que continuou pelo Jornal de Negócios (Lisboa é o 14º destino turístico europeu mais procurado pelos estrangeiros) e pelo Notícias ao Minuto (Mastercard Há mais turistas em Lisboa mas deixam cada vez menos dinheiro).  Papagaios, ou não sabem fazer contas ou não lhes interessa.

O foco da polémica é este excerto da notícia do Observador:

O ‘Global Destinations Cities Index’ mostrou, porém, uma diminuição de 0,3% na despesa feita pelos turistas, o que traduz uma quebra da receita de 1.840 milhões de dólares (1.654 milhões de euros) em 2014 para 1.834 milhões (1.649 milhões de euros) no ano corrente. A média de gastos por visitante desceu de 541 (486 euros) para 515 dólares (463 euros).
Portugal, que eu saiba, não tem o dólar americano como moeda oficial.  Tem o Euro.  E a taxa de câmbio média não é a mesma, considerados os dois primeiros semestres deste ano e do transato.  Fazer as contas com a taxa de câmbio corrente apenas faria sentido se os empresários recebessem as receitas do ano passado (faturadas em euros) neste semestre em dólares.  Estou muito confiante que isso não terá acontecido.

Segundo o Miguel Botelho Moniz, a taxa média do câmbio dólar-euro é a seguinte: 0,72 para o primeiro semestre de 2014 e 0,89 para este semestre.  O Miguel não fez as contas, mas para isso cá estou eu.

Seguindo os valores acima:

2014: 1.840 * 0,75 = 1,325 M€
2015: 1.834 * 0.89 = 1,632 M€
Afinal a diminuição de 0,3% é na realidade um aumento de 23% da receita em euros, acima de qualquer métrica de inflação.

Jornalistas saídos das escolas de jornalismo que temos ou são papagaios sem cérebro ou infiltrados muito espertos.  O jornalista ou é um asno ou acha que eu o sou.  Não malemnto desiludi-lo no segundo caso e acho natural no primeiro.

Aliás, o turismo é uma das poucas atividades deixadas livres à voracidade legislativa deste governo, graças ao Adolfo Mesquita Nunes.  Na verdade, foram abolidas muitas barreiras, taxas e licencinhas.

Este aumento de 23% diz muito do que poderia ser a nossa economia se o estado não se dedicasse a melhorá-la.

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