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Novos Dias

A Russa e o Fígaro, de Amadeo de Souza Cardoso.
Óleo sobre tela, 1916, 60 × 80 cm

Novos dias aí vêm.
Chegam encapotados.
São desejados.
Mas atrasados.
São dias de alegria.
Dias que se esperam num dia.
Dias de amar e ser amado.
De confiar no que foi deixado
Ao vento dos tempos que passaram.

Virão novos meses.
Novas estações.
Mais lições de vida.
Devidos à nossa alma.
Pois apenas tu saberás
Como o Mundo finalmente se fez teu.
E aqui por ti pelejo eu,
Com o Mundo todo, se preciso,
E desde agora te aviso.
Que vento nenhum me parará.

Chegarão anos novos,
Sorrisos enrugados.
Cabelos brancos já esperados.
Felicidade no coração.
Olhares distantes no passado.
Inventado ao sabor do nosso gosto.
Provada a vida no sorriso do teu rosto.
Vida que não será senão a tua.
Barca que hoje zarpa e continua
Ao vento do futuro que é o teu.

Em mim terás quem te empurra.
Empurra a novos feitos, novas vidas.
Empurra a tua nau a oceanos
Onde fazem fé os nossos anos
Que a vida não é um mar de enganos
Nem de sargaços que te imobilizam.
A vida é oferta que se te fez,
E o Universo tem em ti os seus porquês,
A razão metafísica de existir.
E os anos que agora estão para vir
Fazem desses ventos os meus desejos.



Nota: prefiro verso estruturado, mas por vezes há quem mo faça libertar. O nome foi suprimido para descanso da destinatária.

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