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Dinheiro mal ganho é maldição que nos vence.

Se pode viver com pouco fazendo nada, para quê se fazer à vida?

Entraram mais de oito mil euros por cada português vivo hoje de fundos comunitários desde a adesão, em 1986. Foram mais de oitenta mil milhões de euros. O que fizemos com eles?

Distorcemos a nossa economia. Durante os anos 80 e 90 a construção civil valia 6% do PIB na União Europeia e quase o dobro em Portugal. Construímos auto-estradas onde ninguém passa, com viadutos e obras de arte que ninguém usa. Refizemos rotundas com obras de arte de gosto duvidoso e de ligações certas do artista. Uma, duas, três vezes em poucas décadas. Gastámos em formação que não formou, em estradas que não são transitadas e em centros de congresso que não são ocupados.

De todos eles temos de gastar hoje, décadas depois de os efeitos positivos na economia durante a construção se esgotarem, dinheiro nosso em manutenção, funcionários e serviço de dívida. Uma passagem pela A23 ou pela A8 é caríssima, dado que poucos lá passam, e toda a infra-estrutura para sustentar e manter a auto-estrada existe.

Ciusa de juro que juro ser qualquer coisa

Mas há um outro efeito pernicioso: juros de dívida. Se o centro de congressos de Vila Nenhures não tivesse sido contruído, poupavam-se por ano uns quatro funcionários permanentes e outros eventuais; custo de limpeza e de obras de manutenção; e, principalmente, juro de dívida à taxa de empréstimo de tesouraria, a mais alta paga pela autarquia. É assim que se fazem as contas. Falamos talvez de uns 6% ao ano. Se quinze anos se passaram, facilmente o custo de construção foi alcançado. Com vinte, foi bem ultrapassado (só os juros de dívida ultrapassam o custo de construção).

Não cola dizer que 75% foram fundos europeus e apenas 25% comparticipação nacional. Os 25% ainda foram pagos. E os custos de manutenção, de pessoal e de funcionários existem e existirão sempre. Sem fundos europeus. Finalmente, os tais 6% ao ano (que se o centro de congressos não tivesse sido construído, não seria pago) está a sair dos impostos dos munícipes.

A Vila Nenhures existe e tem outro nome. Até dois nomes. Ministrei lá formação e discutimos esta temática.

Em um dos casos, o centro de congressos e auditório apenas funciona uma vez por ano: na festa de Natal dos filhos dos funcionários da autarquia. No outro caso, talvez um pouco mais. Pareceu-me ver uma programação por mês.

Com papas e bolos se enganam os tolos. Pensem nisso, e não se deixem enganar.

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