Uns idiotas do Porto (normalmente, concedo, os idiotas estão em Lisboa) de um tal Observatório de Economia e Gestão de Fraude, mede a economia paralela com uma precisão de quatro dígitos. 26,81%, dizem eles. Uau! A economia paralela (o tipo que lhe arranja o carro sem fatura, o cabeleireiro que vai a casa e não paga fatura, os serviços sexuais e paralelamente duvidosos e o tráfego de droga e de supositórios) vale 171,211 × 0,2681 = 45,902 mil milhões de euros.
Com uma precisão de 8,6 milhões de euros.
Com um nível tal de precisão, suponho que tenham um método infalível de detetar quando uma fatura não é passada, um favor sexual é desempenhado por uma pretensa universitária que anuncia nos jornais ou quando uma transação de droga é realizada. [Eu desconfio que eles sabem e conhecem bem o mundo da droga, especialmente o das alucinogénicas.]
É claro que uma pessoa racional iria perguntar-se: como é que eles obtiveram esse número? Felizmente para a escarralhada, nem todos são racionais.
Outros, como eu, perguntam-se: como é a desculpa que eles dão de que não há suficiente controlo da «grande» fraude, quando é essa precisamente que está mais controlada? Já tentou fazer uma transferência ou um cheque com mais de EUR 5000? Sabe que são de comunicação obrigatória às finanças desde janeiro deste ano?
Aqueles espertalhões, como o tal Jonathan Gruber nos Estados Unidos, contam com a minha estupidez. A minha e a do caro Leitor. Que eles lamentem que nem eu nem o leitor estejamos dispostos a fazer-lhes a vontade.
No mundo académico, a apresentação de números sem critérios claros nem validação tem um nome: FRAUDE. Sugiro que o Observatório se passe a chamar Observatório da Fraude na Observação da Economia. Sempre era mais honesto.
Adenda
Afinal, havia quem já estivesse a fazer um ensaio igualmente jocoso:
- Vítor Cunha, no Blasfémias: Margem de erro absolutamente igual ou inferior a 0,005pp. Este é definitivamente para ler.
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