Avançar para o conteúdo principal

A Rússia Abandona o Dólar. Consequências?

Recursos conhecidos de gás natural na Rússia. A ser pagos em euros.

A Gazprom assinou dez contratos com vários países de fornecimento de gás. Oito são em euros, um em rublos (este com a Bielorśsia). Apenas um cliente, não especificado, insistiu assinar em dólares.

Os bancos russos e chineses estão a fazer o mesmo.

Richard D. Porter e Ruth A. Judson publicaram um trabalho, que está no sítio da Federal Reserve, onde dizem que em 1995 cerca de 4/5 das notas de dólar circulavam fora dos Estados Unidos. Avisam também que essa proporção tem vindo a aumentar. Ora, o dólar circula fora dos Estados Unidos porque 1) e uma denominação de reserva quando as moedas locais são instáveis e 2) porque é a moeda de referência para as trocas internacionais.

Imaginemos um cenário onde as nações começam a trocar bens e serviços entre si noutras denominações, por exemplo em euros. Os dólares neste cenário apenas serviriam para trocar bens e serviços com os Estados Unidos. Mas neste cenário toda a gente teria muitos dólares no bolso e os Estados Unidos têm, como todas as nações, uma economia limitada. Logo, a capacidade de comprar bens e serviços em dólar apenas para os Estados Unidos ou para um grupo pequeno de nações que ainda adiram ao dólar.

É difícil dizer o que aconteceria? As pessoas, para se livrarem dos dólares, estariam dispostas a dar mais dólares por cada unidade de valor de bens ou serviços. Um filme que agora custa USD 15,00 poderia ser vendido por USD 50,00, logo que o dólar se desvalorizasse. Isso seria bom para a economia americana? Sim, apenas no início e apenas até que a desvalorização do dólar começasse a ser absorvida internamente. Numa economia desta escala, toma cerca de 18 meses, como mostram as séries japonesas e americanas dos anos 70 e 80.

Se os Estados Unidos fossem auto-suficientes em energia e em alimentação, o mal seria nenhum. Como Portugal, não o são totalmente. Os Estados Unidos podem passar sem trigo do exterior, mas não sem petróleo. O qual estará nas mãos dos russos.

Pensava aquela administração decerebrada que as sanções contra a Rússia a fariam ficar de joelhos? Não conhecem os russos.

Note-se que a fuga de capitais da Rússia e da China é um problema, o qual terá de ser abordado pelas autoridades dos dois países para prejuízo da Europa, onde os capitais, muitas vezes ilegalmente desviados, são aplicados. Não podemos aí andar a dar vistos dourados sem que isso, mais cedo ou mais tarde, nos rebente na cara.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Juro jurando que juro que o que jurei se jurará esquecido.

Um primeiro ministro (ou primeiro-sinistro, já que todo o governo, com excepção do Siza Vieira, parece ser um acidente de percurso), jurou cumprir e fazer cumprir a Constutuição. O juramento faz parte da cerimónia de posse. E António Costa, licenciado em Direito (não acreditava, mas a Wikipédia diz que sim), passa o tempo a descumprir e fazer descumprir a Constituição. Eu nem gosto desta constituição particularmente, mas o juramento faz parte do acto de posse. Sendo violado, azar o dele, nulifica-se o acto. Precisamos de falar mais do "Diga a Constituição o que disser", e das blatantes violações no Estado de Calamidade e nas reacções à pandoideira. Há um caso sólido para o afastar do poder. Até porque o país não aguenta mais Costa. Eu posso-me dar ao luxo de dar às de Vila Diogo e ir trabalhar noutro lado. Mas isso não acontecerá a dez milhões de portugueses, cujas vidas foram destruídas pelo primeiro confinamento, quando tudo indicava qu...

E agora, para algo completamente diferente...

Cobol: Mais de sessenta anos e ainda para as curvas! Há uma linguagem de programação dos anos cinquenta que definitivamente me dá gosto programar nela. Common Lisp. Sou definitivamente um tipo de parêntesis. Continuo a programar quando posso em Common Lisp e em Emacs Lisp. Mas este fim de semana lembrei-me de outra linguagem vetusta e pouco primorada pela idade: Cobol. A velhíssima Cobol. Que nem funções de jeito tem. Passamos parâmetros para subprogramas por endereço e recebemos os retornos do mesmo modo. Bom, podemos também passar por valor, mas ninguém que eu conheço faz isso. De repente, voltou a nostalgia. Gosto muito de poder escrever IF A IS EQUAL TO 2 THEN... . Pelo menos pelas primeiras horas. Parece que estou a contar uma prosa. A máquina, com a sua memória, fica encartada na minha cabeça. É pura poesia em código. Fiz algo disto durante algum tempo, vai lá uns anos. Hoje, programo maioritariamente em C, Python e Javascript. E voltar ao Cobol foi u...

Marisa Matias, a Presidenta Ignoranta e Carenta de Inteligência

A palavra presidente tem género duplo. Tanto pode significar um entertainer de circo que muda de calções para as teleobjectivas como uma senhora que por acaso preside a qualquer órgão. Alegado presidente supostamente a presidir. Tentem não rir. A presidente do Conselho de Administração da GALP Energia, Paula Amorim. Há uma diferença entre estas figuras, não há? Pois, quem preside está a presidir, logo é presidente (com e ), seja homem ou mulher. Não sei como será com os restantes 215 géneros que andam por aí as Mentias deste povo a inventar. Mas, seja homem ou mulher, se preside é presidente. Outras palavras que também são substativos uniformes, e que gostaria que a senhora Mafias (erro não intencional, ma si non è vero, è ben trovato!) deveria conhecer são, por exemplo: ignorante, demente, incapaz ou azêmola. Ou populista. Ou imbecil. Já agora, podemos trocar o presidente que não preside, logo, o não presidente, por alguém que verdadeira...