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Putin disse, e bem dito: chega de brincar às negociações.

Há uns dias, em Sochi, Vladimir Putin fez um discurso admirável. Abriu o jogo. Desse discurso, que não é difícil de encontrar, tiro os seguintes pontos:

  1. A Rússia não irá aceitar o conceito de liderança global unipolar, que é o cerne da diplomacia dos Estados Unidos.
  2. Para que exista paridade entre nações, os Estados Unidos têm que considerar a Rússia como igual e agir d eacordo com isso.
  3. Os Estados Unidos têm, nestas últimas duas décadas, apenas pedido cooperação tácita da Rússia. E quando a Rússia se envolve em conflitos externos, como na Ucrânia, os Estados Unidos começam a vilipendiá-la.
  4. Os Estados Unidos não podem esperar que a atitude de excecionalismo americano seja universalmente aceite e apreciada.
  5. A Rússia é a herdeira da União Soviética. Isto não é coisa de orgulho para os russos, mas é um facto.
  6. A unidade entre as ex-repúblicas soviéticas e a Europa de Leste não é algo que se dissolva com a queda do comunismo. A Rússia tem obrigação de liderar este espaço.
  7. O Médio-Oriente é menos estável hoje do que em qualquer ponto da história. Isto é atemorizante no que concerne à produão de energia e ao terrorismo. Se a América acha que o Médio-Oriente é problema seu, deveria consultar um mapa e ver quão próxima essa região está da Rússia. O terror no Médio-Oriente pode radicalizar as populações islâmicas na Rússia e na antiga União Soviética, e isso é matéria de preocupação para a Rússia.

Esta radicalização do discurso vem depois das estúpidas sanções europeias. Há já alguns dias eu queria reportar este discurso, mas não sabia como fazê-lo. Em boa verdade, considero que a Rússia não quer a guerra, mas está a preparar-se para ela desde há muito. Alienar um amigo transforma-o num inimigo. E a guerra faz muito mais jeito a quem quer conservar o dólar como moeda de transações internacionais do que aos russos.

Digam o que disserem de Putin, a culpa deste discurso é do celerado Obama. Não teria sido necessário. Bastava que atraíssemos a Rússia para o nosso meio e lhe déssemos lugar na nossa mesa como igual.

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