Já chegámos a ter em Portugal uma pessoa condenada por corrupção activa, enquanto o que recebeu o dinheiro foi absolvido. Tivémos um caso de corrupção cujo único condenado foi o que denunciou.
Cuidado com o caso José Sócrates: há que não embandeirar em arco. A procissão está no adro, e esta guerra é um aviso dos King Makers, que nos emprestaram dinheiro a rolhos para o gastarmos como se fosse água, às bardamerdas do Partido Socialista, os quais andaram recentemente a querer pretender aludir a discutir o pagamento da dívida.
Se o PS não arrepela caminho, o PS desaparece das sondagens, tal é a sucessão de escândalos que podem sair como metralha . O episódio Berloque d'Esquerda deveria dizer muito a muita gente. Vejam lá quantos iriam votar nos calhaus caso as eleições fossem hoje, e onde eles andavam a sonhar chegar há apenas cinco anos atrás.
A esquerda serve para gastar dinheiro como água em obras de regime, mas deixa o país de pantanas. Três vezes foi chamado o FMI, todas pelo PS. O PS sai do poder quando é necessário arranjar o país. Aí entra o PSD, depois de uma barragem de imprensa contra o PS. Um dia é necessário voltar a gastar dinheiro e reentra o PS, depois de uma barragem de imprensa apoucando o PSD, a ditadura das finanças e a obcessão pelo défice. Aqui está o busílis: ninguém chega a líder do PS nem do PSD sem que os que dispõem da decisão tenham um seguro de vida.
Porque é que o Rangel perdeu as primárias do PSD para a nulidade Passos Coelho? Porque ninguém tinha por onde o pegar, ou pelo menos algo tão forte como o que julgavam ter do Passos Coelho.
A chatice é que o seguro de vida do Passos Coelho (Tecnoforma) nem era seguro nem era passível de morte política. O PS jogou essa carta extemporaneamente, quando se viu apertado com os próximos de Sócrates; e, pensando ter um Poker de rainhas, tinha um par de duques. O público rapidamente viu que o caso tinha pernas coxas para andar, ou que as pernas até nem eram assim tão longas. A imprensa viu-se, apesar da barragem com que nos brindou, desacreditada e a bradar para os grilos. Só por exemplo, ainda estamos para saber se ele recebeu cento e cinquenta mil anos por mês de ajudas de custo ou cinco mil euros nesses trinta meses, e há quase vinte anos atrás. Se era isso o que tinham do Passos Coelho, nem imagino o pouco que tinham do Rangel.
Com Sócrates foi o Royal Straight Flush. Ele é odiado pelo que fez, e toda gente diz à boca pequena aquilo que os comentadores não queriam admitir. Eu próprio ouvi de fonte credível o que foi pago aos ministros socialistas durante a aprovação apressada e contra a opinião pública da linha de TGV. Até as famosas escutas, que foram destruídas, mas que andam por aí, na Internet, mostram que o Pinóquio não andava a fazer boa coisa. Infelizmente, o que ocupa telejornais é moda num mês e ausente no outro. O julgamento ainda não aconteceu, e pode-se um dia ver que para os nossos juízes sem justiça houve quem corrompesse, mas nunca quem fosse corrompido. Uma vez mais.
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