Avançar para o conteúdo principal

Uma história de burros

Sou autoridade!

A história que se segue é completamente inapropriada para pessoas com apoplexia ou asma. São aqui avisados também os que sejam sensíveis a estultícia, burrice ou trapalhadas. A cautela dos nossos leitores é aconselhada.

Passou-se há alguns dias, e foi-me contado por quem o presenciou. A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) entra pelo estaleiro do novo data center da PT, na Covilhã, adentro, e manda parar todas as máquinas.

As razões invocadas foram estas: receberam uma denúncia, anónima, dizendo que uma das gruas móveis trabalhava sem aterramento elétrico. Os engenheiros devem neste momento estar a rir às bandeiras despregadas. Foram avisados.

Um aterramento elétrico é, como mostra a figura seguinte, composto por uma vara de cobre espetada na terra e ligada por um fio a uma instalação elétrica. Esse aterramento é ligado às carcaças metálicas dos equipamentos e conduz para a terra alguma descarga a essas carcaças, protegendo os utilizadores.

Um aterramento elétrico, como o que existe nas nossas casas

Os senhores da ACT, cavalos africandos extremamente sapientes nas artes do incómodo e da burrice, asserveravam que a ligação das gruas móveis à terra era obrigatória por lei. Fica por saber qual é o comprimento do fio que deve ser utilizado para realizar essa ligação, já que as gruas móveis, surpresa!, são supostas deslocarem-se. Os responsáveis pelas obras, contaram-me, não sabiam se deveriam rir ou zangar-se. Não sei como acabou o episódio. Só espero que da próxima vez antes de dar ouvidos a denúncias anónimas, os fiscais fiscalizem o que sabem fiscalizar antes que alguém tenha de fiscalizar o que os fiscais dizem saber.

Quando digo que a ACT e a ASAE devem ser extintas, os seus fiscais nunca se olvidam de se esforçar para me dar razão. A eles, os meus mais sinceros agradecimentos. Não poderia ter senão neles o melhor advogado das minhas teses.

Bem dizia um formando meu, o Carrola, que a ASAE terá um dia de fechar a ASAE. Ou a ACT.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Juro jurando que juro que o que jurei se jurará esquecido.

Um primeiro ministro (ou primeiro-sinistro, já que todo o governo, com excepção do Siza Vieira, parece ser um acidente de percurso), jurou cumprir e fazer cumprir a Constutuição. O juramento faz parte da cerimónia de posse. E António Costa, licenciado em Direito (não acreditava, mas a Wikipédia diz que sim), passa o tempo a descumprir e fazer descumprir a Constituição. Eu nem gosto desta constituição particularmente, mas o juramento faz parte do acto de posse. Sendo violado, azar o dele, nulifica-se o acto. Precisamos de falar mais do "Diga a Constituição o que disser", e das blatantes violações no Estado de Calamidade e nas reacções à pandoideira. Há um caso sólido para o afastar do poder. Até porque o país não aguenta mais Costa. Eu posso-me dar ao luxo de dar às de Vila Diogo e ir trabalhar noutro lado. Mas isso não acontecerá a dez milhões de portugueses, cujas vidas foram destruídas pelo primeiro confinamento, quando tudo indicava qu...

Partido libertário em Portugal?

Partido Libertário Português Ao que parece, alguém criou um tal Partido Libertário Português. Estava à procura de partidos libertários na Europa quando dei com isto. Parece ser criação recente e, além da tralha no Livro das Fuças , não parece ser dotado ainda de personalidade jurídica. Não escondo que se fosse britânico o UKIP teria o meu voto; mas nunca, sendo francês, votaria na Frente Nacional. A Frente Nacional é estatista e tão neo-totalitária como os comunistas. Nada de bom advirá dela. O UKIP, por seu turno, é liberal e, como eu, defende um estado pequeno. Esta entrada num dos blogues do The Spectator diz tudo: a Frente Nacional é estatista, o UKIP libertário. Termino com um vídeo de Nigel Farage, o eurodeputado estrela do UKIP onde acusa consubstanciadamente da União Europeia de ser o novo comunismo. Com carradas de razão.

Morra aos 70. Não fica cá a fazer nada. Dizem os democrápulas.

Um sistema público e universal de pensões e de saúde mais cedo ou mais tarde terá de dar nisto: na limitação de vida das pessoas.  O que os democrápulas americanos chamam «aconselhamento de fim de vida» é mesmo isso: aconselhar as pessoas que já estão a tornar-se um peso no sistema (e que tendem a ter juízo e a votar conservador) a abdicar da sua vida e a deixarem-se matar. Que ideia exagerada, painéis de morte! Não há nenhum sistema público de saúde ou de pensões que não venha a ser arrebentado por dentro pelo hábito persistente de as pessoas se deixarem viver mais anos na vã esperança de que os seus netos se resolvam a sair da casa dos pais e a constituir família antes do aparecimento das primeiras rugas neles. Como as mulheres portuguesas não querem ter filhos (e não me venham com essa do não podem ou do teriam se...), o sistema de segurança social teria cinco anos a funcionar.  Teria se a guerra não viesse entretanto, como estou convencido de que virá. No fundo i...