Os cortes nos serviços secretos devem dar destas coisas: o Presidente da República, o que diz que tudo sempre se tem de apurar para nada dizer, está só numa praia. Com quinhentos e quarenta e cinco fotógrafos à volta. Mas só. E nenhum segurança ou polícia a menos de um tiro de canhão de distância. De canhão, mas daqueles dos cruzadores, com quarenta e tal quilómetros de alcance. Um presidente só, que ora tira os calções de banho, ora os pendura na corda.
E eis que o perigo aparece. Duas jovens e outra pessoa numa canoa virada. Oh! Martírio! Alguém está a viver o seu ordálio! Que fazer!? Oh! Que fazer!
O emperresidente de todos os portugueses, em quem confesso ter votado por resignação, especialista em falar tudo para nada ter de dizer, salta corajosamente à água. Não o vemos a entrar numa cabine telefónica e a sair, indumentado de um pijama azul com botas e capa vermelha. Mas isso deve ter sido um erro na pós-edição.
Marcelo, o Magnífico, esse herói destemido, exemplar e temerato, salva, nas fímbrias das suas vidas, as duas jovens de um fim ignómino! Nenhum dos seus seguranças, muito provavelmente em melhor forma e mais capacitados para salvamentos, se lançou à água. Nenhum dos fotógrafos que tirou as fotografias e filmagens se apiedou das jovens e se atirou à água.
Depois do salvamento das armas de Tancos e do ataque da Nova Ordem dos Actores Mestiços de Avis, faltava que desta feita o próprio director do circo nos presenteasse com mais um espectáculo de teatro ruço, que apenas convence a quem se quer ver convencido de antemão.
Quanto aos seguranças do despresidente, que tal um processo disciplinar? Talvez nos confessassem e sem tortura que tudo foi encenado, tal como na recuperação das armas que nunca foram roubadas em Tancos e nos emails da tal extrema-ex-querda-para-extrema-esquerda.
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