Uma coisa que os governantes portugueses não são é razoáveis. Os nossos meios de comunicação são exímios em clamar por justiça, e são completos idiotas pelo modo como o fazem.
Se queremos baixar os impostos à classe média, podemos usar o investimento estrangeiro em impostos baixos. Não com esta fiscalidade opressiva, com certeza. Mas se fizermos um pequeno acerto na fiscalidade, podemos captar impostos das grandes fortunas que andam desavindas com o esquerdérrimo Hollande, o coveiro da França.
No código do IRS deveremos ter presente que dez por cento de muito é mais que cem por cento de nada. A meu ver, os ricos podem facilmente mandar lixar o Sr. Hollande ou o Sr. Coelho ou o Sr. Rajoy mais depressa que qualquer um de nós, movendo os seus capitais para onde lhes aprouver. Eu pago quantos impostos me impõem, e um rico paga quanto quer pagar.
Setenta e cinco por cento de nada é nada. O zero ainda continua a ser o elemento absorvente da multiplicação, mesmo da fiscal. Por mim, a solução para que os ricos queiram ser taxados em Portugal é apenas uma: taxem os rendimentos acima do milhão de euros a 10%.
Consequências
Passamos a perna no Hollande e talvez tenhamos a fortuna da L'Oreal em Portugal, já que o celebérrimo Depardieu anda nestes dias a aprender o alfabeto cirílico.
Mais do que isso, trazemos talento para fazer dinheiro para Portugal. Naturalmente, se um rico vem viver para Portugal, criará empregos qualificados e não qualificados por cá (nenhum rico trata dos seus impostos ou faz a sua cama). Ainda melhor, com grande probabilidade a próxima ventura comercial ou industrial poderá também ser por cá, se o ricaço não tiver esta burrocracia (grafia intencional!) labiríntica de que nos enferma o licenciamento industrial, essa máquina infernal que faz frustrar o santo mais paciente.
Que temos a perder?
Poderemos conseguir 10% dos milionários da Europa, ou pelo menos 20% dos que deixaram o Hollande por Londres (e que até foram tão poucos que já se fala em Londres no 21º Bairro de Paris). Temos melhor clima que os bifes, paz social e, a cereja em cima do bolo, um povo que aprende línguas como poucos no mundo.
O próprio Sr. Hollande afirmou que a taxa de 75% iria afetar em França apenas 2000 a 3000 pessoas. Este número é por baixo, dada a dimensão da França, mas assumamos 2000 pessoas a ganhar mais que um milhão de euros. Isso significará, só nestes números e pelo plano de fiscalidade que aqui defendo, 2000 milhões de euros taxados à taxa normal e o excedente à taxa reduzida. Só fazendo contas a 25% de 2000 pessoas a ganharem cerca de dois milhões de euros, estamos a falar de cerca de quinhentos milhões de euros (na quota até ao milhão) mais outros quinhentos na quota acima. Isto levaria a uma colecta de 250 + 50 milhões de euros, ou 300 milhões de euros. Só potencial da França! Com sorte, até teríamos espanhóis, alemães e ingleses a criar o primeiro bairro multilinguístico de Portugal em Cascais (e a pagar impostos aqui).
10% cento de muito é melhor que 75% ou 55% de nada. Pensem nisto os nossos governantes, se sabem fazer contas.
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