Avançar para o conteúdo principal

A Rússia tem de se livrar de Dugin

Alexandre Dugin, o teórico da Eurásia

A Rússia tem de se ver livre de Dugin. Dugin não é mais que um marxista, um dos perfeitos idiotas que querem a União soviética de volta. Claro que União Soviética ninguém de bom senso quer ver ressuscitada. E por isso, para consumo externo e interno não se chamaria ao novo bloco União Soviétca, mas Bloco Euroasiático.

O euroasianismo, doutrina que diz que a Rússia é culturalmente distinta da Europa, e que se aproxima mais da Ásia. É uma espécie de pan-eslavismo radical, tomado até à borda do puro racismo. O euroasianismo é uma idiotice. A Rússia é Europa. Não se completa a Europa sem a Rússia. A Europa é o continente dos contrastes culturais e linguísticos. Um português não é um alemão nem um polaco. Um francês não é um finlandês. Um russo é tão europeu como um inglês. Há culturalmente Europa em Moscovo e em Vladivostok, esta última para lá da Península da Coreia. Um Chucha ou um Tártaro podem ser euroasiáticos quanto quiserem. Um russo é claramente um europeu.

Serguei Lavrov, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa por contraste não é idiota nenhum. Pelo contrário, é uma das pessoas que mais merece respeito e admiração no Mundo. Lavrov fez um tweet uma vez dizendo que quando a rússia se meteu nos assuntos europeus, promoveu sempre a paz. No inícioesbocei um esgar de troça. Mas a memória histórica veio-me uma vez mais. Fora o século XX, sob os esbirros comunistas, a Rússia sempre foi um fator de estabilidade em toda a Europa. Lavrov tem razão. Desde Pedro, o Grande, que a Rússia se aproxima da Europa. Poucos imperadores haverá como Pedro, o Grande. Estudar a sua história é edificante.

E isto leva-me ao ponto seguinte: se é verdade que a Rússia (fora o período soviético) foi sempre um fator de estabilidade na Europa, e uma parte querida da Europa, Lavrov olvidou uma verdade que tornaria o seu comentário ainda mais pertinente. Esta verdade é a seguinte: sempre que a Rússia se aproximou da Europa, a Rússia beneficiou em liberdade, em riqueza e na sua reputação. Quando se isolou empobreceu, embruteceu e, não me apraz dizer, tornou-se o inimigo de estimação de todo o mundo livre.

A Rússia está para a Europa como a rémora para o tubarão. O tubarão não passa bem sem rémoras que lhe limpem os dentes. As rémoras beneficiam da sua interacção com o tubarão, sendo alimentadas. Ambos podem passar sem o outro, mas beneficiam de estar juntos. Dugin e a sua pandilha são escorpiões que se montam num sapo. Mm dia, como conta Esopo nas suas fábulas, espetarão o ferrão. É a sua natureza: a traição está-lhes no sangue. Comunista que é comunista, ou euroasianista que é euroasianista, não descansará enquanto todo o Mundo não estiver de grilhetas, empobrecido às suas ordens, obrigado a sustentá-los.

A Europa não é Europa sem Rússia. A Rússia nunca será Rússia sem ser parte da Europa. Dugin prefere que os russos estejam em grilhetas, sentindo-se inferiores ao resto do Mundo, desde que a sua pandilha mande e faça mandar. Mais cedo ou mais tarde, esses esbirros vão atraiçoar Putin e capturar a Rússia. Uma nova intentona como a de 1991.

Quando isso acontecer, os que hoje imprecam Putin (em boa maioria com críticas injustas) irão soltar lágrimas de saudade.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Juro jurando que juro que o que jurei se jurará esquecido.

Um primeiro ministro (ou primeiro-sinistro, já que todo o governo, com excepção do Siza Vieira, parece ser um acidente de percurso), jurou cumprir e fazer cumprir a Constutuição. O juramento faz parte da cerimónia de posse. E António Costa, licenciado em Direito (não acreditava, mas a Wikipédia diz que sim), passa o tempo a descumprir e fazer descumprir a Constituição. Eu nem gosto desta constituição particularmente, mas o juramento faz parte do acto de posse. Sendo violado, azar o dele, nulifica-se o acto. Precisamos de falar mais do "Diga a Constituição o que disser", e das blatantes violações no Estado de Calamidade e nas reacções à pandoideira. Há um caso sólido para o afastar do poder. Até porque o país não aguenta mais Costa. Eu posso-me dar ao luxo de dar às de Vila Diogo e ir trabalhar noutro lado. Mas isso não acontecerá a dez milhões de portugueses, cujas vidas foram destruídas pelo primeiro confinamento, quando tudo indicava qu...

E agora, para algo completamente diferente...

Cobol: Mais de sessenta anos e ainda para as curvas! Há uma linguagem de programação dos anos cinquenta que definitivamente me dá gosto programar nela. Common Lisp. Sou definitivamente um tipo de parêntesis. Continuo a programar quando posso em Common Lisp e em Emacs Lisp. Mas este fim de semana lembrei-me de outra linguagem vetusta e pouco primorada pela idade: Cobol. A velhíssima Cobol. Que nem funções de jeito tem. Passamos parâmetros para subprogramas por endereço e recebemos os retornos do mesmo modo. Bom, podemos também passar por valor, mas ninguém que eu conheço faz isso. De repente, voltou a nostalgia. Gosto muito de poder escrever IF A IS EQUAL TO 2 THEN... . Pelo menos pelas primeiras horas. Parece que estou a contar uma prosa. A máquina, com a sua memória, fica encartada na minha cabeça. É pura poesia em código. Fiz algo disto durante algum tempo, vai lá uns anos. Hoje, programo maioritariamente em C, Python e Javascript. E voltar ao Cobol foi u...

Marisa Matias, a Presidenta Ignoranta e Carenta de Inteligência

A palavra presidente tem género duplo. Tanto pode significar um entertainer de circo que muda de calções para as teleobjectivas como uma senhora que por acaso preside a qualquer órgão. Alegado presidente supostamente a presidir. Tentem não rir. A presidente do Conselho de Administração da GALP Energia, Paula Amorim. Há uma diferença entre estas figuras, não há? Pois, quem preside está a presidir, logo é presidente (com e ), seja homem ou mulher. Não sei como será com os restantes 215 géneros que andam por aí as Mentias deste povo a inventar. Mas, seja homem ou mulher, se preside é presidente. Outras palavras que também são substativos uniformes, e que gostaria que a senhora Mafias (erro não intencional, ma si non è vero, è ben trovato!) deveria conhecer são, por exemplo: ignorante, demente, incapaz ou azêmola. Ou populista. Ou imbecil. Já agora, podemos trocar o presidente que não preside, logo, o não presidente, por alguém que verdadeira...